espiritualidade e devoção
1. Espiritualidade Agostiniana
A espiritualidade da Ordem é eminentemente agostiniana, pois a Recoleção é um movimento dentro da Ordem de Santo Agostinho; é um brote do tronco agostiniano. Os documentos são e continuaram sendo a Regra de Santo Agostinho e a Forma de Viver.
Dois são os elementos essenciais da Ordem: o Agostiniano e o Recoleto. O primeiro elemento nos faz descendentes, herdeiros e continuadores de Agostinho de Hipona; o segundo nos compromete a viver uma vida de oração, recolhimento comunitário e apostolado.
Um agostiniano deve procurar cultivar em si os aspectos que alimentaram a vida espiritual do Bispo de Hipona:
2. Espiritualidade Recoleta
A Recoleção é um processo ativo e dinâmico através do qual o homem ferido pelo pecado e movido pela graça, entra dentro de si onde encontra a Deus esperando-o e, iluminado por Cristo, mestre interior, se transcende a si mesmo, se renova segundo a imagem do homem novo que é Cristo e se pacifica na contemplação da Verdade.
O especial da vocação Agostiniana Recoleta é uma continua conversão a Cristo. Só com ajuda de Cristo, mediante uma purificação pela humildade, o homem pode entrar dentro de si mesmo onde encontrará os valores eternos, reencontra Cristo e reconhece aos irmãos. Esta interiorização é o principio de toda piedade. Esta é a Recoleção, recolhimento, da forma de viver, caminho que leva diretamente à contemplação, à comunidade e ao apostolado.
A Recoleção nasce sob o impulso de alguns religiosos a uma maior perfeição de vida: Entre as diversas famílias religiosas encontra-se a Ordem dos Agostinianos Recoletos.
No século XVI, alguns religiosos agostinianos da Província de Castela, impulsionados por um especial carisma coletivo, desejariam viver, com fervor renovado e com novas normas, a forma de vida consagrada que Santo Agostinho fundou na Igreja, iluminou com sua doutrina e ordenou na sua santa Regra.
Os Padres Vogais do Capítulo de Toledo (1588), conscientes desta inspiração divina e não querendo opor-se ao Espírito Santo, determinaram que se escolhessem ou fundassem algumas casas nas quais fosse observada a nova forma de vida, segundo as normas que o definitório provincial desse para esta Reforma “que a piedade do Senhor suscitava, enviando seu Espírito”.
3. Consagração dos irmãos
O chamamento e a consagração comprometem o religioso a uma doação total a Deus, a uma imitação e a um seguimento mais livre e mais radical de Cristo, vivendo mais para ele e para seu Corpo, que é a Igreja.
Os religiosos da Ordem, em comunhão de caridade com os irmãos, caminham para a consagração perfeita, que será a comunhão com o Pai e com o Filho Jesus Cristo.
4. Comunidade orante
A oração ajuda os religiosos a descobrir a presença misteriosa de Deus no coração dos homens, para amá-los como irmãos. O Espírito de Jesus faz perceber, por meio da oração, as manifestações do amor de Deus na trama dos acontecimentos; desta forma, conseguir-se-á a síntese necessária entre orarão e vida.
A celebração da Eucaristia é o ato principal de cada dia, no qual a comunidade dos irmãos encontra-se reunida diante do altar de Cristo e anuncia a morte e ressurreição do Senhor.
Em todas as nossas casas celebrar-se-á digna e diariamente em comum a Liturgia das Horas. Em todas as casas haverá em comum meia hora de oração mental. A outra meia hora será feita no tempo e na forma que o Ordo Domesticus indicar.
Todas as comunidades e cada religioso amem filialmente e procurem imitar a Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, em cuja proteção se apóia a recoleção agostiniana.
Depois da Liturgia das Horas, deve ser considerado como uma das mais eficazes orações o terço, que será rezado diariamente, assim como o Angelus. Nos sábados e festas litúrgicas da Santíssima Virgem e na solenidade de São José cantem-se em comum a “Salve Rainha” e a antífona “Joseph”.
A devoção e o culto a São José, especial protetor da Ordem, constitua também parte da espiritualidade agostiniano-recoleta. Também sejam dadas particulares demonstrações de piedade filial a nosso Pai Santo Agostinho e medite-se o conteúdo de sua Regra e de sua doutrina espiritual e religiosa.
5. Comunidade penitente
A virtude da penitência exercita-se principalmente no cumprimento fiel e constante do dever, na aceitação das dificuldades que dimanam do trabalho e do contato com os homens e finalmente suportando com paciência e amor as vicissitudes desta vida transitória, da enfermidade e da morte.
Os irmãos façam todos os dias seu exame de consciência e aproximem-se freqüentemente do sacramento da Penitencial.
Ouvindo a Jesus Cristo que convida a negação de si mesmo, a tomar a cruz e a segui-lo, os irmãos, além de cumprir as penitências impostas pela lei eclesiástica, pratiquem outros atos de mortificação, especialmente nas sextas-feiras do ano, quartas-feiras da quaresma e no sábado santo.
6. Os irmãos doentes
São o tesouro da comunidade, pois, pela oblação de si mesmos, dilatam, com misteriosa fecundidade, as obras de apostolado. Os Superiores atendam com toda caridade, de acordo com as necessidades de cada um, os doentes e anciãos, dando-lhes conforto e coragem, “com a certeza de que servem o próprio Deus”.
Tenham todo o cuidado para que não lhes faltem os sacramentos da Penitência e Eucaristia.
7. Os irmãos defuntos
Quando morrer um irmão, professo ou noviço, a comunidade a que pertence celebre Missa exequial e uma Missa no primeiro aniversário de sua morte. Todos os sacerdotes da Ordem ofereçam uma Missa por ocasião da morte de cada religioso.
Todos os anos celebrem-se em todas as casas da Ordem três aniversários gerais de defuntos: primeiro, pelos familiares e parentes dos religiosos; segundo, pelos benfeitores defuntos. Terceiro, por todos os irmãos e irmãs defuntos da Ordem.